Porto Velho, RO - O primeiro projeto de crédito de carbono na modalidade ARR (Afforestation, Reforestation and Revegetation) realizado na Amazônia para apoiar a restauração florestal de passivos ambientais em propriedades da agricultura familiar é de Rondônia e, esta semana, está em fase de auditoria para receber a certificação de redução de emissões de gases do efeito estufa (GEE) e benefícios positivos sociais e à natureza.
A certificação será pelos selos VCS (Verified Carbon Standard) e CCB (Climate, Community and Biodiversity Standard, certificadoras para ativos ambientais reconhecidos internacionalmente. Para isso, de 16 a 20 de janeiro, dois auditores independentes estão em Rondônia para fazer a verificação dos processos e procedimentos no desenvolvimento do projeto, analisar documentos, visitar áreas e entrevistar beneficiários e parceiros.
"Ter o selo é a garantia de poder comercializar os créditos gerados. É uma validação de que o projeto segue um padrão metodológico mundial, que sua origem é confiável, e que os objetivos propostos estão sendo atendidos. Estamos otimistas quanto a conquista da certificação neste momento. Na semana anterior, trabalhamos na organização dessa auditoria e vimos que, do extensionista rural ao agricultor, o processo das atividades está seguindo o método e tudo que foi programado a partir da metodologia está sendo cumprido", ressalta Fabiana Barbosa Gomes, presidente do Centro de Estudos Rioterra.
"O time inteiro trabalhou muito bem. Todos tinham suas partes preparadas em relação aos pontos que foram programados e conseguimos cobrir todos os assuntos trazidos pela auditoria", acrescentou Annette Butty, coordenadora Regional da América Latina da Reforest'Action que, ao lado dos também membros da Reforest’Action, Flávia Florido, encarregada de Projetos do Brasil e Quentin Guyon, encarregado de Carbono, apoiam a equipe da Rioterra durante esta auditoria.
O PROJETO
Implementado e desenvolvido pela Rioterra em parceria com a organização francesa Reforest’Action, o ReforesTerra é um projeto inovador de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). Ele reconhece os benefícios que agricultores familiares geram para a sociedade ao proteger e restaurar áreas de floresta em seus imóveis rurais.
A meta é reflorestar 2 mil hectares de áreas degradadas de Preservação Permanente e Reserva Legal no entorno de rios e nascentes da sub-bacia do baixo rio Jamari, localizada na região que abrange os municípios de Itapuã do Oeste, Cujubim, Ariquemes, Candeias do Jamari, Alto Paraíso, Monte Negro e Rio Crespo, em Rondônia.
O projeto se enquadra na modalidade de ARR (Afforestation, Reforestation and Revegetation), em que é feito o reflorestamento das áreas de forma que as árvores, ao crescerem, capturem o carbono da atmosfera e gerem créditos que, ao serem vendidos, irão gerar retorno financeiro aos beneficiários a partir do quinto ano do plantio da área, ao longo de 25 anos.
Os agricultores que aderem ao projeto recebem também apoio inicial para o reflorestamento das áreas através de doação de mudas, insumos e serviço gratuito de assistência técnica e extensão rural, gerando oportunidades de emprego e geração de renda às comunidades locais.
"E uma vez que a gente conquiste a certificação, este será o primeiro projeto de carbono na modalidade ARR da Amazônia e talvez, do Brasil nesse formato, agrupado. Sabemos que há outros projetos anteriores no Mato Grosso, em Goiás e na Bahia, mas todos com abordagens distintas.
No nosso projeto o carbono sequestrado será proveniente de áreas restauradas em propriedades da agricultura familiar. Esse aspecto por si só, proporciona que o projeto seja gerador de melhorias econômicas e sociais aos beneficiários, além de contribuir com as metas estabelecidas para o Brasil em acordos internacionais do clima ao possibilitar a regularização ambiental desses imóveis rurais e a restauração florestal de áreas desmatadas na Amazônia", conclui Fabiana Barbosa Gomes.
Beneficiários do projeto Plantar Rondônia também integram a rede de agricultores familiares que participam do ReforesTerra. Realizado pelo Centro de Estudos Rioterra em cooperação com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Rondônia (FETAGRO), parceria com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (SEDAM) e apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) através do Fundo Amazônia.
Fonte: Portal SGC
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