Contrata-se: setor de petróleo e gás vai abrir 300 mil vagas em seis anos. Salários podem chegar a R$ 40 mil

Editors Choice

3/recent/post-list

Geral

3/GERAL/post-list

Mundo

3/Mundo/post-list
Portal Rondônia de Notícia - Noticias de Rondônia

Contrata-se: setor de petróleo e gás vai abrir 300 mil vagas em seis anos. Salários podem chegar a R$ 40 mil

Maioria das vagas exige nível técnico. Preocupação das empresas é com o risco de faltar mão de obra

Porto Velho, RO - O setor de petróleo e gás deverá gerar 300 mil postos de trabalho, entre diretos e indiretos, nos próximos seis anos, conforme projeção da Abespetro, entidade que representa a cadeia de fornecedores das petroleiras.

Se os investimentos no desenvolvimento das áreas já concedidas forem feitos como o previsto, o total de ocupados nas petroleiras e nas fornecedoras de bens e serviços do primeiro elo da cadeia chegará a 911 mil em 2029, ante os 616 mil em 2023, mostram as estimativas, que estão no Caderno Abespetro 2024, cujo lançamento será na noite desta quinta-feira, no Rio.

Enquanto a maior parte dos novos empregos será para trabalhadores com nível técnico, para este ano, está em alta a busca por profissionais para trabalhar como gerentes de manutenção, de integridade de poço e desenvolvimento de negócios, mostra um levantamento da consultoria de recrutamento Michael Page, em sua base de dados. São empregos que pagam salário mensal de R$ 18 mil a R$ 40 mil.

Contratações sobem 30% no 1° trimestre

Os dados da Abespetro mostram que as contratações já estão a pleno vapor. Ano passado foram criadas 55 mil vagas. Segundo a Michael Page, as contratações no setor de petróleo e gás cresceram 30% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com os três primeiros meses de 2023.

Caroline Faccin, de 30 anos, acabou de ser contratada pela SLB, novo nome da francesa Schlumberger. Engenheira de petróleo, formada em 2022 na Faculdade Miguel Ângelo da Silva Santos (FeMASS), em Macaé (RJ), ela sempre quis trabalhar no ramo. Desde 2019, trabalhava em funções administrativas, mas Caroline queria mesmo trabalhar em plataformas:

Caroline Faccin, de 30 anos, engenheira de petróleo, formada em 2022, sempre quis trabalhar no setor — Foto: Arquivo pessoal

— Sempre tive a vontade de trabalhar com o petróleo desde muito pequena, pois sou uma criança que acompanhou a descoberta do pré-sal e isso me fascinou muito, já de pequena. Fui fazer outras coisas, mas consegui retornar, fiz engenharia, concluí e hoje trabalho no que eu sempre quis.

Desenvolvimento do pré-sal gera empregos

Segundo Telmo Ghiorzi, presidente da Abespetro, a perspectiva de geração de empregos segue a expansão da produção de petróleo e gás no país, na esteira do desenvolvimento do pré-sal, que fascinou Caroline quando criança.

Maior produção significa mais plataformas em funcionamento e, portanto, mais contratações de fornecedores de peças e serviços, que ampliam investimentos, como relatam as empresas. O IBP, entidade que representa as petroleiras, calcula que os investimentos da indústria, nos próximos dez anos, somarão US$ 180 bilhões (R$ 913 bilhões, em valores de hoje).

A SLB, por exemplo, já contratou 150 profissionais neste ano. Até dezembro, prevê contratar mais 600, para vagas que vão de trainees, como Caroline, a trabalhadores de nível técnico e profissionais com experiência. Segundo a empresa, o principal motor para abrir as vagas é o fato de que vem ganhando novos contratos no país, com destaque para pequenas e médias petroleiras.

'Campos maduros' impulsionam contrações

Essas empresas desenvolvem os chamados “campos maduros”, áreas de produção mais antigas, que requerem novos investimentos para ter uma sobrevida de produção. Geralmente, esses aportes não atraem as grandes petroleiras.

A estratégia recente da Petrobras de vender seus campos maduros abriu uma nova fronteira de produção para essas empresas, movimentando a cadeia de fornecedores.

Agora, está em curso um movimento de fusões e aquisições entre elas. Para Ghiorzi, a formação de empresas de porte maior dá mais musculatura financeira para os investimentos – e, portanto, gera empregos.

Conforme a consultoria Michael Page, os investimentos em campos maduros da Petrobras são justamente um dos motivos pelos quais a demanda por gerentes de manutenção está em alta.

O emprego “consiste em supervisionar e gerir todas as atividades relacionadas à manutenção de equipamentos, instalações e sistemas utilizados na exploração, produção”, informa a consultoria de recrutamento. O salário vai de R$ 28 mil a R$ 40 mil por mês.

Quem também está contratando a pleno vapor é a francoamericana TechnipFMC, uma das gigantes globais da cadeia de fornecedores do setor, presente no Brasil desde a década de 1990. Desde o fim do ano passado, a empresa tem aberto 90 vagas por mês. A expectativa é manter esse ritmo até 2025. A maior parte das oportunidades é em “áreas de serviços e embarcações”, mas há também vagas “para funções de projetos e de apoio aos projetos”, informou a companhia.

Transição energética pode ser positiva

Um terceiro impulso para novos investimentos e geração de empregos poderá vir da transição para uma economia de baixo carbono. Segundo Ghiorzi, da Abespetro, a transição produz impactos distintos entre petroleiras e suas fornecedoras.

As primeiras precisam mudar seus modelos de negócios, seja buscando avanços tecnológicos para produzir petróleo com um menor impacto ambiental, seja apostando em energias renováveis, mas sempre lidando com o risco de seu negócio principal entrar em extinção.

Já as fornecedoras, além de se beneficiarem de investimentos voltados para a redução do impacto ambiental, podem adaptar seus bens e serviços para novos demandantes — como a geração de energia eólica offshore.

— A transição é muito positiva para a cadeia produtiva. Estamos contando com ela. Muitos novos equipamentos são desenvolvidos para a transição — disse Ghiorzi.

Qualificação da mão de obra é um desafio

Com a demanda aquecida, tanto as empresas quanto a Abespetro veem risco de faltar mão de obra qualificada. Tanto que as companhias investem em treinamento e formação. Como trainee, Caroline, da SLB, está em período de treinamento por aqui, formação que será terminada em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, onde ficará de dois a três meses.

A americana Constellation, prestadora de serviços de perfuração de poços em alto-mar, que tem 92 vagas em aberto no Brasil, informou, em nota, que “um dos maiores desafios do setor tem sido a atração e retenção de pessoal”. Para vencer o obstáculo, a multinacional investe em um programa de capacitação, com uma média de 377 horas de treinamento, na formação de operadores de sondas, em parceria com o Sesi/Senai, além de “pacotes de remuneração e benefícios competitivos”.


Fonte: O GLOBO

Postar um comentário

0 Comentários